segunda-feira, 10 de agosto de 2009

ABAIXO A A CRASE!

.

A Língua Portuguesa vai passar por uma reforma. “Putz, demorou!”, pensei assim que fiquei sabendo. No entanto, quando vi o que estava mudando na nossa língua, fiquei super-hiper-mega-giga-decepcionado. Nada contra as mudanças que foram aprovadas, se elas forem de fato facilitar a vida de quem tem dificuldade com as palavras atingidas por elas. Mas o que eu esperava mesmo, a Mudança das Mudanças, a retirada daquilo que há de mais podre no idioma, isso simplesmente parece que não passou pela cabeça dos geeks que decidiram as mudanças: o fim da maldita CRASE!!!

Eu domino bem a crase. Minha mãe é professora de português e tem uma porrada de gramáticas em casa. Não vou explicar aqui como ela funciona porque eu quero que este seja um blog interessante — e aula de crase é um porre. Minha intenção não é provar que eu sei usá-la, e sim meter o pau nela. Provar o quanto ela é inútil ao nosso idioma.

Para começar, vamos pegar uma frase qualquer que use a crase (a a força, é lógico):

ENTREGUEI A A MARIANA A CARTA DE AMOR.

Se você ler a frase como se ela estivesse escrita certinha (sem meus “A A” revoltados), notaria alguma diferença de pronúncia? Mude o acento grave para o outro “A”. A pronúncia muda? O SENTIDO muda? Pois diga agora: em que um enfeitezinho que só aparece na linguagem escrita, nunca na falada, colabora para que um idioma seja prático de usar?

Minha mãe argumenta que o uso incorreto da crase a as vezes gera ambigüidades (meu último adeus ao trema, que se vai como uma paixão curta e extrema!). Vejamos:

I. OS TRABALHADORES CORREM A CIDADE EM BUSCA DE EMPREGO.

II. OS TRABALHADORES CORREM À CIDADE EM BUSCA DE EMPREGO.

Pois bem, penso que até neste caso a queda da crase será positiva. Na primeira frase, o sentido é “os trabalhadores circulam pela cidade”; na segunda, “correm para a cidade”. Ora, se os sentidos são esses, não seria melhor escrever as frases assim e pronto? Nesses casos, o fim da crase vai nos obrigar a pensar melhor nas palavras que usamos. Ponto para a boa comunicação!

Um poeta é um artista da linguagem. Trabalha com as palavras, seus sons, seus cheiros, cores e tudo mais, a fim de criar no leitor uma sensação, qualquer que seja. Vamos lembrar os grandes poetas da Língua Portuguesa: Camões, Fernando Pessoa, Castro Alves, Vinicius de Moraes, Mário Quintana, etc., etc. e mais etc. Criaram rimas riquíssimas, souberam como ninguém encaixar frases em padrões onde o número de sílabas por verso é rigidamente definido, fizeram jogos de palavras de cair o queixo. Agora, fale-me um poema em que algum deles usou a p**** da crase como RECURSO ARTÍSTICO. Nem pra isso a dita-cuja presta, pô! (Agora, se alguém citar algum exemplo, meus humildes parabéns! Poste seu comentário que quero conferir pessoalmente.)

Pois não é que ela é a protegidinha dos professores e gramáticos? Estes defendem um monte de regras complicadíssimas, dizendo onde você e eu devemos enfiar o tal acento grave e onde não devemos (não pensei nenhuma besteira, viu?). O brasileiro parece que não assimila a crase de jeito nenhum. Não por culpa dele próprio, mas pela falta do hábito de leitura. Acrescente que a crase não é nada na linguagem falada, e isso a torna alienígena, algo que não faz parte da realidade de ninguém, servindo só para complicar mais a língua de um povo que sofre com uma educação de péssima qualidade.

Para concluir, conte quantos “a a” eu escrevi neste post e perceba como a crase me foi úúúúútil!! Quase não precisei dela. Fora a a crase!

.

3 comentários:

  1. Para começar também sou agnóstico e tenho uma certa intimidade com a crase, mas isso não quer dizer que seja a favor dela. Leio muito e isso me facilita memorizar onde vai e onde não vai o tal A+A por isso não sei todas as regras da infeliz. Você não está sozinho, o Millor Fernandes deblatera contra a crase desde que me conheço por gente, leia os livros dele e você verá. Gostei do blog e vou segui-lo.

    ResponderExcluir
  2. mto obrigado ^^

    eu sou fã do millôr desde q tinha 10 anos, adorava ler as "conpozissões imfãtis", as "fábulas fabulosas" e mtos outros textos antigos dele.

    abraço

    ResponderExcluir
  3. me skeci de falar ...

    meu blog ficou nas teias de aranha por vários meses pq estou tratando uma depressão q me roubava a vontade de escrever. agora estou me sentindo bem melhor, por isso voltei a postar!

    ResponderExcluir